Cookie Consent by Free Privacy Policy Generator

Ingestão de corpo estranho em pediatria: mecanismos de lesão e conduta

Como proceder em casos de ingestão de baterias, ímãs, objetos pontiagudos, superabsorventes e similares?

  • 24/01/2022 às 17:00:00
  • Fonte: Portal PED
[Ingestão de corpo estranho em pediatria: mecanismos de lesão e conduta]
Ingestão de corpo estranho em pediatria: mecanismos de lesão e conduta

Ingestão de corpos estranhos (chamaremos de “CE” ao longo do texto) em crianças é um cenário desafiador. É necessária uma somatória de variáveis – como idade do paciente, objeto ingerido, tempo de ingestão, localização do objeto, sintomas e acesso à endoscopia digestiva –para que possamos definir qual a conduta correta a ser tomada.

Geralmente, esta é uma situação angustiante para o pediatra. Sempre nos perguntamos: qual objeto vai passar com maior facilidade e qual terá mais chance de evoluir com algum tipo de complicação? Além disso temos que lidar com a ansiedade, justificada, da família.

Some-se a isso o fato de que as informações muitas vezes são imprecisas na faixa etária pediátrica: tempo de ingestão, se realmente ingeriu, qual objeto ingeriu…

Sendo assim, fizemos uma revisão sobre este assunto, que você encontra logo a seguir. Utilizamos como principal referência a publicação do NASPGHAN de 2015 (“Management of Ingested Foreign Bodies in Children: A Clinical Report of the NASPGHAN Endoscopy Committee”). É importante enfatizar que não existe uma única recomendação e faltam evidências científicas que suportem uma única orientação, sendo importante adequar as condutas para a realidade de cada serviço.

Epidemiologia da Ingestão de Corpo Estranho em Pediatria

A ingestão de corpo estranho ocorre predominantemente na faixa etária pediátrica, sendo que 75% ocorre abaixo de 5 anos. Em sua grande maioria, é um evento acidental e envolve objetos comuns encontrados no ambiente doméstico, como moedas, brinquedos, joias, ímãs e baterias. A remoção endoscópica é necessária em 10-20% dos casos e a mortalidade é baixa (1:2.200 crianças).

Sintomas da Ingestão

A maior parte dos eventos é assintomática, o que torna uma boa anamnese ainda mais importante. Os sintomas geralmente são decorrentes da impactação do CE no terço superior do esôfago e se caracterizam por:

  • dor retroesternal,
  • cianose,
  • dispneia,
  • disfagia,
  • sialorreia,
  • estridor,
  • sibilância,
  • engasgo,
  • vômito,
  • soluços e
  • diminuição da ingesta.

Nos casos de impactação crônica de CE no esôfago, as manifestações encontradas são pneumonia, perda de peso, síndromes aspirativas e mediastinite.

Os sintomas relacionados com CE em outra localização geralmente são decorrentes de complicações e manifestam-se como dor e/ou distensão abdominal, vômitos, enterorragia ou melena.

Avaliação Inicial

Uma história clínica detalhada e exame físico são fundamentais para o diagnóstico. Todos os pacientes com suspeita de ingestão de CE devem ser radiografados (Rx cervical, tórax e abdome – 2 incidências).

Os objetos opacos são: vidro, maioria dos metais (exceto alumínio) e ossos de animais. Já os lucentes são espinha de peixe, madeira, plástico e alumínio.

“Todos os pacientes com suspeita de ingestão de CE devem ser radiografados (Rx cervical, tórax e abdome – 2 incidências)”

De acordo com cada caso, considerar a realização de outros exames de imagem para objetos não opacos: tomografia computadorizada, ressonância nuclear magnética, ultrassonografia e exame contrastado. Essa avaliação adicional depende das características do paciente e do corpo estranho suspeito. Para pacientes sintomáticos ou CE suspeito, com características de risco (>2cm de largura, >5cm de comprimento, afiado) – avaliar realização de CT com reconstrução 3D.

Complicações Possíveis

  • Aspiração e obstrução de via aérea;
  • Formação de fístula ou estenose;
  • Obstrução, perfuração ou sangramento do trato gastrointestinal;
  • Erosão no esôfago, aorta ou outras estruturas;
  • Fístula traqueoesofágica;
  • Perfuração esofágica;
  • Estenose esofágica;
  • Paralisia de cordas vocais por lesão do nervo laríngeo recorrente;
  • Mediastinite, pneumotórax, fístula aortoentérica.
  • Compartilhe e Avalie esse Post

  • votos

Deixe seu Comentário! Queremos saber sua opinião!


[Envie seu Orçamento pelo WhatsApp]
Envie seu Orçamento pelo WhatsApp